Acolher bem uma
pessoa não significa unicamente permitir que ela entre na intimidade do seu lar
ou da nossa companhia. Acolher significa, acima de tudo, receber bem as
pessoas, procurando ir mais além do que dar-lhes simplesmente hospedagem.
Acolher significa, antes de tudo, prestar auxílio nos momentos difíceis e de
provações... Sabendo dar-lhes o devido apoio nos momentos de fraquezas (quedas)
e defendendo-as nos momentos de injustiças ou de desamparo. Mas para que isso
aconteça bem, devemos nos conhecer melhor e trabalhar nossas deficiências se
queremos realmente aprender como acolher bem as pessoas.
É bom lembrarmos que fomos chamados por Deus a ser neste mundo a sua imagem e
semelhança (Gn 1,26) isso significa querer assumir uma personalidade que esteja
em comunhão com a postura de um Deus que sempre foi acolhedor na história do
seu povo, sobretudo, com os mais necessitados.
Cada um deve ter
em mente esse sentimento de quem, em primeiro lugar, experimentou em sua vida
um Deus que o acolheu em todos os momentos da sua história, seja nos momentos
de virtudes, ou até mesmo, nos momentos de fraquezas, revelando-se um Deus
sempre solidário para conosco pecadores. O profeta Jeremias, por sua vez, tinha
consciência sobre esse acolhimento de Deus em sua vida. Vejamos o que ele nos
revela sobre esse acolhimento de Deus em sua vida: “Recebi a palavra de Javé
que me dizia: ‘Antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci; antes
que você fosse dado à luz, eu o consagrei, para fazer de você profeta das
nações’.” (Jr 1,4-5).
Assim como Deus
escolheu, consagrou e aceitou a vida de tantos homens e mulheres para
contribuírem na história da Salvação, hoje, de maneira especial, o Senhor
também nos escolhe para que saibamos acolher o valor da Boa-Nova do Reino e
proporcionar aos demais essa mesma graça, através do testemunho de quem deseja
que essa experiência seja feita a partir de um sentimento de acolhida de quem a
transmite e de quem a recebe. Mesmo quando afirmamos que não somos aptos para
essa missão, como foi dito pelo profeta Jeremias no seu tempo: “Mas eu
respondi: ‘Ah, Senhor Javé, eu não sei falar, porque sou jovem’. Javé, porém,
me disse: “Não diga ‘sou jovem’, porque você irá para aqueles a quem eu o
mandar e anunciará aquilo que eu lhe ordenar. Não tenha medo deles, pois eu
estou com você para protegê-lo - oráculo de Javé”. (Jr 1,6-8).
Esse chamado que
o Senhor nos faz à missão provém desde o nosso batismo, quando fomos acolhidos
como filhos seus, através de uma atitude de quem nos ama, nos aceita, nos valoriza,
nos conduz a plenitude humana, e por fim, cuida de nós de maneira totalitária
(corpo e alma), em vista da nossa salvação. O acolhimento que fazemos na Igreja
deve ser uma expressão desse desejo de Deus, em outras palavras, devemos
despertar esses sentimentos no coração das pessoas de quem foi acolhido no amor
de Deus e que vêm sendo conduzidos para Salvação.
Sentimos que
somos ainda limitados no acolhimento, mas, ao contrário de nós, Deus reconhece
as nossas virtudes, Ele sabe do nosso potencial, por isso, nos acolhe com tanta
alegria. Esses sentimentos que carregamos dentro do nosso coração, no que se
referem as nossas limitações, surgem a partir do momento que contemplamos a
nossa vida e a nossa conduta no meio dos nossos irmãos. Às vezes somos pessoas
extremamente egoístas, invejosas e que nem sempre sabe acolher os nossos irmãos
com a devida fraternidade que se esperam daqueles que se colocam como
discípulos do Senhor.
Somente fazendo uma análise da nossa vida, procurando nos conhecer melhor, é
que teremos um maior domínio sobre as nossas atitudes e controle nas nossas
deficiências. Antes de partimos para o processo de acolhimento ao próximo,
devemos em primeiro lugar, buscar nos acolher e trabalhar (a luz de Deus)
nossas fraquezas.
Pe. Francisco Evaristo Barbosa Filho
Emanuelle Santos
Ministra do Acolhimento